sexta-feira, 15 de julho de 2011

O ESPAÇO ESCOLAR COMO EIXO DE REFLEXÃO

A escola reflete o meio no qual está inserida, exercendo influências no comportamento daqueles que fazem parte dela. Para tanto antes de fazermos qualquer tipo de análise sobre uma determinada turma, é necessário analisarmos a escola e entendermos que essa é um espaço de construção social. Pressupõe compreender as questões que rodeiam o seu dia-a-dia. Os sujeitos que dela fazem parte não devem ser passivos à sua condição, portanto, trata-se de entender as relações que envolvem conflitos, negociações e suas próprias questões. 
O processo educativo é inacabado, implica renovação de possibilidades, desconstruírem o velho, e passar a produzir o novo, estar sempre em busca de desafios, resgatar os papéis sociais ativos das pessoas que a compõe, seja no seu meio social ou na vida escolar.
A escola como espaço sócio-cultural, além de promover essa discussão, tem que entender os conjuntos de normas e regras da sociedade, para que possa transmitir aos alunos, a busca ou delimitação de seus próprios atos para o exercício da cidadania.
Os alunos são a maior e a parte mais importante dos sujeitos que fazem parte da escola. Vão à escola com as mesmas expectativas e necessidades de sempre: conhecer o novo. São considerados igualmente alunos, independentes de suas características físicas, sexo, origem social, idade e outros fatores.
A escola tem como função garantir o livre acesso aos conhecimentos acumulados pela sociedade, como tal utiliza métodos e materiais para transmitir esses conhecimentos para que os alunos possam assimilá-los.
A crítica que se faz no processo ensino/aprendizagem é de que a instituição escolar não pode homogeneizar suas estratégias e propostas educativas, já que todos nós, inclusive os alunos tem cada um, características peculiares e origens sociais diferentes, e que se esses fatores forem ignorados poderá resultar, - e muitas vezes é o que acontece - no seu fracasso. O desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, dos alunos não será possível se a instituição escolar desconsiderar esses fatores, uniformizando seus alunos, sem compreender sua historicidade, suas visões de mundo, suas individualidades, suas experiências de vida, a cultura, ou aquilo que deles são próprios.
A educação pode está presente nas mais diferentes situações e contextos sociais, empregado num determinado momento histórico. A exemplificar, as instituições que fazem parte da sociedade, na escola, na igreja, na família, no trabalho e etc.
Ainda no âmbito educacional, a termos de diversidade cultural, a escola implica também questões de poderes, ou seja, questões políticas ideológicas que asseguram acessos diferenciados as informações, promovendo o que poderíamos chamar de interesses sociais distribuídos de forma desigual à população.
A escola entendida como contexto sócio-histórico-cultural concreto, e a razão para os alunos estarem nela, está na busca de um plano ou projeto que trace o seu futuro. A escola é a parte do projeto dos alunos.
Quanto à estrutura física da instituição escolar, composta por conjuntos de salas de aula, corredores, cantina, pátio, salas dos professores, cada um desses tem uma função, com o intuito de desenvolver as relações pedagógicas e educativas da escola. Expressam expectativas de comportamento dos sujeitos que a constitui.
A instituição escolar possibilita que o seu espaço seja uma forma de encontro entre pessoas que aprendem a conviver com diferenças, possibilita uma vivência em grupo, para lidar com diferenças, conflitos, distintos ao cotidiano desses alunos fora da instituição escolar.
A escola como espaço sócio-cultural ao mesmo tempo em que lhe dá com situações no seu cotidiano em salas de aulas, tem o compromisso de promover a conexão dos conteúdos dados na classe e no extraclasse, com atividades que venham a contribuir para tornar a escola um espaço de cultura, prazer, lazer, reforço da auto-estima, articulados a realidades desses alunos e da sociedade, principalmente do seu convívio mais próximo, o seu bairro.
Nesse contexto o professor como mediador da aprendizagem tem que sentir-se sempre desafiado a repensar sua metodologia, sua prática docente, de forma a considerar as características e singularidades de cada aluno com a intenção de que eles desenvolvam integralmente suas capacidades e habilidades cognitivo-afetivas.
O professor, portanto deve refletir suas situações didáticas, uma vez que essas se constituem num corpo de conhecimento de forma organizada, planejada, deliberada, escalonada em etapas, produzindo assim transformações no aprendiz para que ele desenvolva processualmente valores para a construção de uma sociedade justa, igualitária, e que percebam que o exercício da cidadania implica tomar decisões conscientes, ser participativo, instrumentalizá-lo para compreender que as relações sociais se fazem por processos históricos, e que o ler, interpretar e escrever o leva a apropriação de conhecimentos que dele nunca serão retirados e que irá auxiliá-lo a tornarem-se sujeitos com autonomia.
O currículo é o meio pelo qual se dá o acesso aos saberes selecionados e organizados de acordo com os propósitos da sociedade, com as orientações oficiais e com as intenções da escola para desenvolver o ensino e a aprendizagem. (SÁ, 2010, P. 1).
Concordando com o apontamento feito por Sá (2010), o currículo tem em si questões de poder, ideologia e cultura, porém esses devem ser intencionados aos sujeitos que fazem parte da escola com o objetivo maior de desenvolver principalmente nos alunos um sentido significativo para que ele provoque o efeito esperado de contribuição na construção e formação cidadã.
A didática nesse âmbito assume como garantia o seu compromisso com a Educação, seja em seus problemas políticos, financiamento, questões de organização, administração, planejamento, todos os temas ou fatos que perpassam o ensino.
A didática sustenta-se na avaliação, execução desses, no planejamento e concepções que reconhecem no desenvolvimento humano a confluência de fatores internos e externos como mencionam Carvalho e Castro (2002, p. 26).
O planejamento é um processo evolutivo, que se desenvolve numa sequência dinâmica e progressiva, torna-se importante estudar e analisar cada uma das etapas do planejamento, na sua ordem lógica para podermos entender a sua estrutura e organização funcional. (MENEGOLLA e SANTANA, 1991).
O planejamento traduz-se numa sondagem entre os alunos, professores, escola e comunidade, tem objetivos definidos e delimitados, implica na seleção dos conteúdos a ser ensinados, procedimentos didáticos a serem utilizados para consecução dos objetivos, na seleção e organização dos recursos didáticos e no processo de avaliação que é a última etapa do processo de ensino-aprendizagem e detêm uma grande importância.
Planejar, portanto, abrange não somente os conteúdos que serão abordados ou registros feitos em papéis com séries de objetivos a serem cumpridos, é mais amplo do que isso. È entender e identificar quando é preciso mudar, planejar novamente. É compreender que esse perpassa também sobre os sujeitos que fazem parte do espaço escolar, como os desafios que surgem a cada obstáculo que é vencido. Entender que os alunos têm suas peculiaridades, alguns são mais motivados que outros, mais participativos que outros, além da indisciplina de alguns ou de grande parte dos estudantes na sala de aula.
A respeito da indisciplina Grossi (2009, p.10) destaca que o essencial é chegar às verdadeiras causas, que incluem enxergar o que a escola está oferecendo a todos os alunos, para fazer com que a disciplina deixe de ser esse fantasma enorme que assombra nossas salas de aula e se torne o que de fato é: uma manifestação natural das crianças e jovens, que pode ser controlada.
Acredito que a princípio os professores juntamente com a direção da escola devem trabalhar em conjunto para discutir questões relacionadas à moral e ao convívio social através de atividades lúdicas que envolvam um ambiente de cooperação. Claro que não há uma solução fácil e imediata. O comportamento indisciplinar do aluno deve ser analisado, se necessário com auxílio de um especialista, de maneira a verificar qual a causa e não agir somente sobre a conseqüência. Mostrar ao aluno e discutir com eles sobre as regras morais e as convencionais. Pensar sobre as ações ou medidas tomadas frente ao problema para que o aluno também não sofra transgressões. Conquistar a autoridade com saber e consequentemente o respeito do aluno. Agir na hora certa e com calma com a finalidade de incentivar e respeitar a sua autonomia.
Por fim, a docência consiste em trabalhar com informações e habilidades
compostas por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, que resultará na consolidação proporcionada pelo exercício da profissão, fundamentando-se em interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética, sensibilidade afetiva
e estética. Esse processo deverá constituir-se em múltiplos olhares, em embasamento teórico-científico, relacionados à vida cotidiana, a cultura, a arte, leitura e entendimento das relações sociais, étnico-raciais, políticas, econômicas, além do próprio processo educativo.
Sobretudo essas questões que foram levantadas sobre os desafios da prática docente devem ser sistematicamente avaliados nessa cadeia de desafios que é o processo de ensino e a aprendizagem. A família e a comunidade devem participar desse processo acompanhando a trajetória junto à escola, pois com mais investimento e autonomia é possível alcançarmos, o que todos nós esperamos: o aprendizado e consequentemente o sucesso escolar.
A escola é um espaço sócio-cultural. Processo contínuo de humanização, que desempenha um papel importante e ativo de construção social, onde os sujeitos, que dela fazem parte, os professores, alunos, funcionários, contribuem para sua dinâmica e problematização. Sendo enfim, um multiplicador e potencializador, dos aspectos que envolvem a construção social e o exercício da cidadania.



REFERÊNCIAS

·         AMORIM, Antônio. A nova LDB: Lei Nº 9.394/96. Análise e Aplicação. Editora Portifolium. Salvador: 1997.

·         BORBA, Ângela. A sala do 1º ano. Nova Escola: A revista de quem educa. Reportagem especial: Guia do Ensino Fundamental de 9 anos. Quadro atual, Currículo, Rotina. Como eleger os conteúdos e organizar o dia a dia das crianças de 6 anos que chegam à escola em 2010. Editora Abril. Ano XXIV. Nº 225. Setembro 2009.

·         BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretora de concepções e orientações curriculares para Educação Básica, Coordenação-Geral do Ensino Fundamental. Ensino Fundamental de Nove Anos: Passo a passo do processo de implantação. Brasília: 2009.

·         CARNEIRO, Moaci Alves. LDB Fácil. Leitura crítica-compreensiva: artigo a artigo.16ª edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro: 2009.

·         CASTRO, Amélia Domingues de; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Ensinar a ensinar. Didática para a escola fundamental e média. Editora Pioneira Thompson. São Paulo: 2002.

·         DAYRELL, Juarez Tarcísio. A escola como espaço sócio-cultural. In: Seminário Internacional de Educação de Jovens e Adultos. Brasília, MEC, 1997.


·         GROSSI, Gabriel Pillar. Indisciplina: Causa ou sintoma? Nova escola: A revista de quem educa. Editora Abril. Ano XXIV. Nº 226: 2009.

·         KARDEC, Allan. Biografia de Allan Kardec. Grupo Espírita Apóstolo Paulo. 18 de novembro de 2002. Disponível em:
Visto em 10/04/11.

·         LEAL, Ferraz Telma; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; MORAIS, Artur Gomes de. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade, mais um ano é fundamental. Avaliação e aprendizagem na escola: A prática pedagógica como eixo da reflexão. Brasília: 2009.

·         MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? Currículo – Área – Aula. Editora Vozes. Rio de Janeiro: 1991.

·         SÁ, Maria Roseli Gomes Brito de. Currículo: Concepções, campo de estudo e relações. 2010.

·         SILVA, Janssen in LEAL, Ferraz Telma; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; MORAIS, Artur Gomes de. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade, mais um ano é fundamental. Avaliação e aprendizagem na escola: A prática pedagógica como eixo da reflexão. Brasília: 2009.

·         SIQUEIRA, Holgonsi Soares Gonçalves. Pós-modernidade, política e educação: Projeto Político Pedagógico. Publicado no jornal A Razão em 15/08/02. Disponível em: http://www.angelfire.com/SK/holgonsi/projeto.html
Visto em 30/04/11.

·         VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento, Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político pedagógico: elementos metodológicos para elaboração e realização. 10ª edição. Editora Libertad. São Paulo: 2002.

·         VIANNA, Heraldo Marelim, A observação. Ano 2003. Disponível em: http://www.arturmotta.com/wp-content/uploads/.../10-a-observacao.doc - Visto em 25/06/11.




Autoria de PATRÍCIA ARIANE SOUZA LIMA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário